Não só vamos lutar contra a discriminação que é feita aos pobres “perto de nós”, amparando (ou pelo menos tentando!) as pessoas que têm vergonha de assumir que não vivem nas “melhores” condições pelas consequências que daí podem vir, como vamos tentar socorrer outro tipo de pobreza, uma muito mais preocupante, chocante e acima de tudo, fatal (nunca menosprezando a outra!): a pobreza EXTREMA!
Foi-nos aberto os olhos por um amigo que sempre nos apoiou, e disse: “… FAÇAM ALGO DE REAL! (…) A questão é saber se querem ser como os outros (lançar uns balões e ler um manifesto enquanto comem um gelado e mandam duas SMS) ou se têm a estaleca e a coragem de se sujarem de pobreza, de cheirarem a pobreza e de tossirem o ar pobre e podre que enche o metro quadrado ocupado por um pobre…”.
Precisávamos que nos chamassem à razão, sem pudores, para nos apercebermos que temos de nos sujar, cheirar, tossir, engolir toda a pobreza para depois de a digerirmos podermos falar, trabalhar e deitar cá para fora toda a ajuda possível e que está ao nosso alcance.
Levem a mão à consciência, sem arrogâncias e afins, e pensem: quantos são os que ajudam com um pacote de arroz e vão para casa a pensar que fizeram algo de bom, mas depois deitam metade do jantar fora, porque não apetece comer? Quantos são os que se dispõem a ajudar, mas desistem a meio, porque era muito difícil ou dava muito trabalho?
Sejamos realistas. Enfrentemos a realidade! Abramos os olhos e tentemos fazer algo de bom, ALGO DE REAL!
Não somos ingénuos ao ponto de pensar que é um grupo de dez pessoas que conseguirá acabar com isto, que irá conseguir mudar o mundo. Mas se cada grupo de dez pessoas fizesse um pouco, acreditem que o Mundo estaria diferente!
É difícil acreditar que num mundo tão avançado, tão cheio de supostos direitos, tão cheio de tecnologia, ainda exista gente tão pobre que não tem tecto, nem paredes, não tem roupa, calçado, nem comida… Mas a verdade é que existe, e é chocante como é que alguém tem capacidades e força para andar com a grossura de uma perna igual à de um braço, como é que alguém vive a comer o que pisa, a beber água imunda do chão? Gente tão pobre que não parece gente.
Tudo isso é demasiado horrível para acreditar. É por isso que alguns preferem nem pensar, afastando do pensamento esta realidade, como se se tratasse de um pesadelo que não se quer lembrar. Mas a realidade é que existe, e enquanto acharmos que somos poucos para fazer a diferença, esta diferença vai se manter um devaneio.
Tudo isto nos revolta e revira a alma, mas se formos realistas também cada um de nós já fez o mesmo ou pensou assim! Não censuramos portanto quem o tenha feito, censuramos sim quem não quer mudar, quem não quer ajudar porque dá muito trabalho, simplesmente porque não vale a pena…
“TUDO VALE A PENA QUANDO A ALMA NÃO É PEQUENA”!
São pessoas iguais a nós que não têm uma camisola, que não sabem o que é comer mais de uma vez por dia ( isso quando não ficam sem pais e passam semanas sem saber o que é comer. Sim. Isto não é nenhum exagero). Podia ser eu, podiamos ser todos nós. Podias ser tu e os teus. São pessoas como nós, que não vivem. SIMPLESMENTE SOBREVIVEM.
Não seremos suficientemente capazes, corajosos e/ou audazes para ajudar? Para dar a mão a quem precisa?
Vamos levar isto como só mais uma causa?!
Está nas nossas, e nas tuas mãos fazer com que este “pesadelo” tenha um fim. E não é um milagre que o vai trazer, são os nossos esforços, unidos, por onde podemos, que um dia o vão trazer.
Toda a ajuda é pouca, dinheiro para vacinação lá, para educação, comida, poços, etc, para apadrinhar crianças (com especial cuidado para empresas que são fraudes)… não custa assim tanto. Vamos abrir a alma!
Margarida Homem e Sousa e Carina Antunes